Na crise, restaurantes do interior de São Paulo deixaram a concorrência de lado e criaram o ‘clube da pechincha’. Foi a saída para não repassar para o cliente o aumento dos preços.
A concorrência entre donos de restaurantes virou parceria em uma troca de mensagens pelo celular.
“No início era uma brincadeira de amigos, uma brincadeira séria, ‘olha, eu estou aqui em tal lugar, encontramos um preço legal de óleo, encontramos um preço legal de bacon’”, conta Brito Botelho, dono de lanchonete.
“O meu concorrente, que é o meu parceiro, na realidade, me mostrou: ‘olha o produto ‘x’, aqui está mais barato, vem aqui comprar ele’, e com isso eu tive uma redução de custo de insumo muito grande”, revela Evandro Zampieri, dono de restaurante.
Das dicas sobre promoções, eles logo passaram a comprar juntos e negociar preços melhores.
“Eu compraria pros nossos restaurantes a média de 100 quilos de filé de frango, por exemplo. No entanto, para o grupo, nós negociamos direto com o fornecedor a média de 2 a 3 toneladas, consequentemente com uma quantidade maior, o preço cai e nós não passamos esse preço para o consumidor final”, afirma Leandro Veloso, dono de restaurante.
Até os fornecedores passaram a fazer parte do grupo. Além dos alimentos, os descontos chegaram aos equipamentos, produtos descartáveis e até publicidade.
De mão em mão o grupo se popularizou. A turma do rango formada por três donos de restaurantes se transformou em uma associação com quase 300 empresários. Eles receberam assistência técnica e jurídica e estão criando agora uma Central de Distribuição de Alimentos para comprar direto do produtor, reduzindo ainda mais o preço. Só que agora, eles querem ir além das compras.
“Parcerias com as redes de cartões e negociar melhor uma taxa de juros, nós queremos trazer benefícios odontológico, farmacêuticos”, diz Eduardo Herleing, dono de restaurante.
“Isso funciona não só para o setor de restaurante, mas funciona para todos os setores em qualquer cidade. Essa é uma fórmula de sucesso para o pequeno se viabilizar diante de uma crise como nós estamos neste momento”, explica Antônio Carlos Ribeiro, gerente do Sebrae Piracicaba.
Sem aumento na conta do restaurante, os clientes gostaram da estratégia.
“A gente não percebeu nenhum aumento significativo. Para quem come todo dia, almoça fora, no final do mês, faz diferença”, diz um cliente.
Fonte: G1